29 de out. de 2010

Longas Brasileiros de Animação - parte 3

Depois de um bom tempo, finalmente vou postar o último da série sobre longas de animação brasileiros, a propósito, em uma boa hora, já que boas produções estão saindo do forno e indo pros cinemas. Este post é... bem... longo.

Fala-se que há cerca de 10 longas-metragens sendo produzidos no Brasil no momento. Vou falar mais de futuro (filmes que estão por vir em breve) aos cinemas e canais de TV. Também vou citar alguns que já saíram e não estão nos 2 posts anteriores.

Vou começar pelo Brasil Animado 3-D, de Mariana Caltabiano, que é mais um pioneiro, no caso, o primeiro longa em 3D brasileiro (não 3D de personagens computdorizados em 3 dimensões, mas 3D IMAX, aquele que o espectador precisa usar óculos especiais pra ter uma sensação de profundidade). Na história, os protagonistas são Stress e Relax, que saem em busca de um Jequitibá cor de rosa, e acabam apresentando várias cidades do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Foz do Iguaçu e Brasília. O filme mistura animação de desenhos 2D com live-action (atores de carne e osso).
Os personagens já participaram de outro longa: As Aventuras de Gui e Estopa que não cheguei a citar nos outros 2 artigos, mas também é um longa nacional que circulou pelos nossos cinemas recentemente - e narra as aventuras de um produtor e um artista de animação enfrentando as agruras pra produzir seu filme. Bem apropriado, por sinal.

Uma grande produção pra garotada que deve sair em breve é As Aventuras do Avião Vermelho que é uma adaptação do livro de Érico Veríssimo. Traz no elenco as vozes de Milton Gonçalves e Lázaro Ramos e é uma produção gaúcha que tem belos desenhos, no traço do diretor de arte Moa.

Também saindo do forno pros cinemas Lutas, de Luiz Bolognesi, que chegará às telas em 2011, após cerca de 10 anos sendo produzido. Mesmo trazendo as vozes de Selton Mello e Camila Pitanga, não é um enlatado comercial, vai mais pro lado do experimentalismo.
Graças aos recursos oferecidos pela animação, os diretores dão asas à imaginação em um filme que mistura história do Brasil com lendas e ficção científica. A história passa de batalhas entre tupinambás e tupiniquins - antes dos europeus chegarem ao país - pela balaida, pela ditadura militar de 1964 até uma fictícia guerra pela água, no ano de 2096 - graças à ideia do protagonista que tem 600 anos e vai atrás da amada que " reencarnou". Chama a atenção o visual do fime, com cenários gerados por computador aliados a personagens em 2D de design bem legal. Entretenimento, creio que para adultos (não entendo porque classificam de conteúdo pra adulto qualquer coisa que tenha cenas de violência e sexo - muitas vezes em doses animais - Pra mim tá mais pra adolescentóide, pois adulto se subentende pessoa que raciocina, se assim não fosse, aqueles bobalhões que consomem lixo cultural seriam os gênios da humanidade).
Enfim, voltando...

Ritos Animatic x Render from Candida Liberato on Vimeo.

Na Bahia está sendo produzido Ritos de Passagem, do mesmo diretor de Boi Arruá, que usa o traço típico da arte popular nordestina, aquele dos livros de cordel e artesanato. O filme mostra a flora e fauna da região, o folclore, costumes, hábitos, sotaques, etc, numa história que visa refletir as questões mais fundamentais do ser humano na passagem da vida para a morte: "o que fizemos da nossa vida e quais foram as conseqüências dos nossos atos?"

A Sbornia da famosa peça de teatro Tangos e Tragédias também vai virar longa metragem de desenho animado. Fuga em Ré Menor para Kraunus e Pletskaya assim como o Avião Vermelho está sendo produzida no Rio Grande do Sul e promete ir às telas no início de 2011.

De Santa Catarina também vem uma produção de animação com mais de 60 minutos. Minhocas usa a técnica de Stop Motion (bonecos de massinha), e contou com um orçamento de cerca de 10 milhões, cifra que nem se equipara com o conseguido por produções americanas mas ainda acima do que muitas brasileiras contam. Produzido em parceria com a Fox e a Globo, tem tudo pra aparecer bem nos cinemas.

Maurício de Sousa vai lançar a Turma do Penadinho em 3D provavelmente também em 2011. A produtora é a mesma de Xuxinha e Guto contra os Monstros do Espaço de 2005 e Turma da Mônica - Uma aventura no tempo de 2007. Estes sim, representantes peso-pesado de cinema comercial (esses 2 últimos chegaram perto de 600.000 pagantes).

Outro lançamento por vir: A Floresta é nossa, de PauloMunhoz qeu já lançou um longa em 2006 com os mesmos personagens, os BRichos (bichos brasileiros) além de Belowars - Guerra dentro da gente de 2007 (55 minutos), mais voltado ao público infanto-juvenil.
Pra nova aventura dos BRichos, que além de nacionalista é educativo, a equipe está trabalhando esmerado pra lançar um produto de alta qualidade em termos de acabamento, necessário nesses tempos de imagem - além do bom roteiro.

Pra encerrar esta lista, cito a produção do infantil "História antes da História", do Núcleo de Animação de Campinas, que mostra o cotidiano do doutor K, que leva o espectador através dos bastidores da produção de um filme de animação. Poético.


Percebe-se que a indústria do cinema de animação nacional nunca esteve em um momento tão favorável e com tendências de crescer, mas uma indústria de animação nacional bem estruturada ainda está em formação, hoje a maioria dos profissionais é autodidata, ainda faltam roteiristas com formação acadêmica. Tal situação por um lado traz uma riqueza de estilos, ao mesmo tempo ainda é um campo profissional um pouco incerto para quem deseja ter um trabalho estável e rentável (aliás, muito merecido, pois animação dá bastante trabalho e exige certas habilidade especiais). Tal fenômeno ocorre um diversas áreas da cultura nacional.

Mas o cenário aponta uma tendência à profissionalização dos produtores e da indústria do cinema de animação, sem a qual é inviável atingir grandes platéias. Ainda se esbarra no ciclo vicioso do mundo dos negócios: os investidores não querem desembolsar uma boa nota sem garantia de retorno (que só é possível para famosos como Maurício, e olha lá), ao mesmo tempo que o ramo não pode garantir um boa perspectiva de retorno sem essa grana que pode garantir um "produto" bem acabado. O saldo ao meu ver já é positivo para o público. E um maior interesse desse público pode vir a alavancar o setor, pois onde aumenta a área de interesse, aumenta o mercado.

Especulações a parte, ficam aí então as dicas de longametragens de animação brasileiros.


Para ler o primeira parte deste artigo, clique aqui.


Para ler a segunda, aqui.

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