30 de nov. de 2009

Ganhar, perder

Analisando um comportamento que ocorreu em dois momentos no futebol gaúcho esse final de semana, me chama a atenção um tendência humana bem chata: o prazer de ver os outros se ferrarem.
Primeiro o Grêmio, que já lascado, teve sua torcida gritando: "Flamengo", o que iria prejudicar o Inter lá no outro lado.
Na Serra Gaúcha, ocorreu fenômeno semelhante. Ao ver o Juventude ser rebaixado pra terceira divisão, houve foguetório dos torcedores do Caxias.
Tá, até pode ser divertido e futebol tem mesmo desse tipo de coisa, a flauta faz parte. Mas é tal atitude perante a vida que estou a criticar: "Que tudo se lasque, mas sou tão cego que não vejo que isso vai lascar comigo também."
Isso se reflete em muitos aspectos da vida. A rua tá suja, vou jogar meu lixo também, não é problema meu (eu só passo ali todo dia e me sinto mal). Falta educação e salários razoáveis pra população com quem convivo, indireta ou até diretamente, mas isso não importa, eu tenho (eu só preciso viver com medo de que um dos filhos desses guetos assalte ou mate alguém da minha família). Agradável, né?
Cidades grandes possuem esse tipo de coisa, mas possuem em grande escala também as coisas boas. Me parece que Caxias não tem tantas opções, nem a ponto de cada um menosprezar seu próprio vizinho de rua, com aquela arrogância de quem tem algo bem melhor (mas não tem).
Despeito corrói e recalca o despeitado inclusive. No caso, uma população inteira que não souber evidenciar sua estima pelo que tem de bom, ao invés de vangloriar-se em cima do que outro tem de ruim.
E mais: se a vida devolve tudo que mandamos a ela, certamente terei de volta meu desdém e todo o mal que desejar aos outros, mesmo tendo distribuído meu veneno aleatoriamente.

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