5 de nov. de 2008

Dia do Cinema Nacional


No dia em que se comemora (...) o Cinema Nacional, vemos um quadro, apesar de todo o preconceito que cerca nossa sétima arte, bastante auspicioso. Senão vejamos. A cada ano, mais e mais produções vem ocorrendo. Isso denota o desenvolvimento de uma indústria, como acontece em países mais desenvolvidos. Cinema não tem que ser, necessariamente, um fenômeno esporádico, gerado por seres iluminados que doam seu sangue pela arte. Tem que ser sim, o resultado de um trabalho sistemático, baseado em conhecimento técnico e apoiado por estratégias bem claras de marketing - para que seja consumido, essa palavra tão temida pelos artistas em geral. A temática, geralmente circunscrita aos quadros desoladores dos sertões pobres e esquecidos, vem sendo substituída por painéis urbanos, modernos, que jogam na busca de uma contemporaneidade, com todos os bens e males que essa escolha carrega. Além disso, mais e mais se vê a distribuição de filmes produzidos e,ou dirigidos por brasileiros - feitos aqui, ou não (como no caso das grandes produções do Diretor Fernando Meirelles), ocorrer em nível mundial.
Mesmo na TV (a cabo, principalmente) está ficando frequente a aparição de trabalhos brazucas em canais como Fox, People and Arts, Telecine.
O que falta ainda, na minha opinião, é o público brasileiro despertar para essa nova realidade e começar a baixar a guarda, olhar com olhos menos embotados as várias produções de alto nível que se tem feito. È claro que ainda há muitas "porcarias", mas isso, qualquer pessoa com um mínimo de senso crítico, deverá admitir que não é privilégio da indústria de filmes brasileira...

2 comentários:

Marcos Malacarne disse...

Sim, Leandro, a coisa é por aí mesmo (apesar de eu não saber o que é auspicioso, hehe).
Um filme é feito de muitas pessoas, e acho que mesmo com todas essas forças colidindo, a tendência é o crescimento, a profissionalização. Acredito no marketing cultural responsável e no artista disciplinado. Olha a potência que é Hollywood e quantas oportunidades geradas pra artistas viverem de seu talento! Tudo que envolve dinheiro vai trazer interesseiros, mas se o artista refletisse, veria que não é o fim do mundo, ele sempre pode criar outros canais pra não ter de tolhir seu talento em virtude disso.

Anônimo disse...

Acrescento informações sobre o acesso aos bens culturais no Brasil retiradas do discurso do ministro da Cultura, Juca Ferreira, por ocasião da solenidade de transmissão de cargo em agosto deste ano:

"Apenas 13% dos brasileiros freqüentam cinema alguma vez por ano; 92% dos brasileiros nunca entraram em um museu; 93,4% jamais freqüentaram alguma exposição de arte. Reparem que quase todos os dados estão na casa dos 90, alguns chegam aos 70, 78%, o que significa que menos de 30% dos brasileiros, no máximo, estão incorporados a algumas dessas atividades. Cerca de 80% nunca assistiram a um espetáculo de dança, embora 28,8% saiam para dançar freqüentemente, ou seja, valorizam a dança. Mais de 90% dos municípios brasileiros não possuem salas de cinema, teatro, museus e espaços culturais multiuso. O brasileiro lê, em média, 1,8 livros per capita ano contra, por exemplo, 2,4 da Colômbia e 7 da França; aqui 73% dos livros estão concentrados nas mãos de apenas 16% da população. O preço médio de um livro no Brasil é de R$ 25,00, o que é elevadíssimo, quando se compara à renda dos brasileiros das classes C, D e E.

Dos cerca de 600 municípios brasileiros que nunca receberam uma biblioteca, 405 ficam no nordeste e apenas dois no sudeste. Aproximadamente 82% dos brasileiros não possuem computador em casa e, destes, 70% não têm qualquer acesso à internet. 56,7% da população ocupada na área da cultura não têm carteira assinada. Isso tudo é um escândalo."


http://www.cultura.gov.br/site/2008/08/29/discurso-do-ministro-da-cultura-juca-ferreira-na-solenidade-de-transmissao-de-cargo/