18 de nov. de 2008

Gatunagens

Das crônicas belavistanas, direto do túnel da memória, andei relembrando de uns episódios envolvendo bandidagem. Mais especificamente o roubo.
Nunca esqueço de mais uma noite de ano novo na rua Marcelo Casagrande, onde eu morava com meus pais, na infância. Após acabarmos de comer nossa modesta ceia fomos dormir. De repente ouço meu pai abrir de sopetão a janela e gritar: Valduino*! Olha os gatos!
Haviam dois gatunos tentando roubar o carro do vizinho em frente, justo naquela hora que as pessoas de bem estavam distraídas festejando. Saíram na disparada. Um deles deixou suas havaianas pra trás, que por sinal, duvido alguém tenha pego pra usar (você usaria?). Como resultado do malogro dos gatunos, meu pai foi convidado a continuar se confraternizando com esses vizinhos (que aliás podiam ter uma mesa bem mais farta que a nossa) e o vínculo de amizade com eles só melhorou.
Mas o mais divertido ocorreu com um outro vizinho, que assim como os dois gatunos desconhecidos praticava a cleptomania. Ele saía na calada da noite com um carrinho de mão e pegava uma areiazinha aqui, um cascalhozinho lá. Um dia ele estava passando com seu carrinho em baixo da janela de uma casa e o morador que já estava de saco cheio apareceu e lhe disse:
-Fulano, tu por acaso não tá precisando de um óleo emprestado pra passar na roda do teu carrinho? Assim eu posso dormir enquanto tu trabalha.
Imagino a vergonha dele na hora. Afinal muitos sabiam que ele fazia isso. Inclusive um outro vizinho, da quadra de trás, que não teve dó:
Tempos depois, enquanto ele tratava de transferir a gasolina do tanque de um carro para seu galãozinho, o cara da quadra de trás tratou de dar uma bela de uma chumbada de espingardinha de pressão na bunda do mão leve, que teve de sair correndo abandonando tudo pra trás.
Se não me engano, sua carreira terminou por aí mesmo, dando desculpas furadas para o chumbo alojado em seu sentador.
São "causos" assim, engraçados, inusitados e muito reais, que nunca saem de nossa mente e são uma delícia de relembrar, quando o pessoal se reúne pra prolongar as risadas.

*obviamente, nome fictício.

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Um comentário:

Anônimo disse...

Ahaha eu acho q sei quem era o clepto...Muito boa história, meu camarada.
Le