16 de nov. de 2007

Peck's Club II

O “cook” era um peruano com cara de índio brabo, mas que depois de um tempo mostrou que tinha coração. Como ele já estava ali há muito tempo, falava uma mistura de inglês com espanhol, ou só uma das duas línguas conforme a situação. Era ele quem decidia a hora que nós íamos comer – nós almoçávamos e jantávamos antes dos clientes – e às vezes ele até preparava alguma coisa conforme o nossa pedido. Por nós entenda-se eu, ele, Steve (o segundo cook) e o Muller. Eu, como era o “colaborador mais humilde” tinha as tarefas mais simples e também mais fodidas: limpar os pratos, pô-los na máquina, lavar as frigideiras, etc., além das atividades de limpeza que antecediam as tarefas na cozinha.
Quando havia pouco movimento, tudo bem. Quando chegavam vários clientes, Meu Deus! Aquilo se transformava num inferno. O garçom chefe, um português que mandava quase tanto quanto o dono, subia lá gritando com o cook e cobrando tudo pra ontem. Aí era só esperar: o cook gritava com o número dois que gritava com o número três que gritava comigo. Maravilha. Às vezes saíamos de lá às 23h30m, mas nos piores dias tínhamos que ficar até depois da meia-noite – uma vez que tínhamos que lavar o chão, as panelas e deixar tudo no seu lugar. De qualquer forma, quando chegou a primeira sexta-feira eu já estava me acostumando, e receber meu primeiro pagamento semanal (150 libras) foi uma bela injeção de ânimo – começou a entrar dinheiro de novo...

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Leandro Daros is licensed under a
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