19 de set. de 2007

Três vivas ao Rio Grande

É como costuma dizer o apresentador Glênio Fagundes: Nós respeitamos e admiramos todas as culturas, mas nos orgulhamos de ter uma cultura própria. E nada mais apropriado do que a Semana Farroupilha para nós gaúchos rememorarmos os valores e o amor que temos por esse chão. Aqui destaco três obras interessantes da nossa gauchada buena.

Berega é um ótimo desenhista gaúcho. Quantos não lembram de uns calendários que os postos Ipiranga costumavam fazer com seus desenhos? Eram muito legais! O desenho, com seu traço bem elaborado e um toquezinho xucro tirava sarro de várias situações típicas dos pampas, como o banho na sanga da piazada, os bailes, os rodeios, os namoros e tudo mais. Era só ficar observando que você achava um detalhe engraçado, como o sentinela farroupilha de pé descalço e esporas! Como grande artista que é, envereda por várias técnicas, do realista ao humorístico. O último calendário dele que vi ( e possuo ) é de 1999, uma retrospectiva de 20 anos de publicação desse trabalho. Pena ser difícil achar mais coisas dele na web.


Já na literatura, destaco duas obras: A primeira, de Luís Coronel: A Comédia Gaúcha - Trilogia do Humor Pampeano, que na verdade são três livros: O Cachorro Azul, O Cavalo Verde e O Gato Escarlate. Uma coleção muito bem produzida, que inclusive vem com um CD, onde as histórias do livro tomam vida e é possível degustar o legítimo sotaque do contador de causos gaudério. Também há o obrigatório glossário, para poder entender as expressões regionais.


Saindo do humor, a outra obra literária que destaco é o Martín Fierro, de José Hernandes, uma novela épica que inclusive já virou filme e é uma aula sobre a alma do povo gaúcho. Livro considerado uma entre as duas obras mais representativas das letras da Argetina (sim, o gauchismo não se restringe ao RS). Tudo em versos rimados, cantados em primeira pessoa e revelando as aventuras, os sentimentos e os valores do homem dos pampas (o gaúcho é um tanto romântico, valoriza sua família, um contraste com o universo muitas vezes rude em que está inserido). Martín Fierro se rebela contra todas as injustiças e arbitrariedades dos poderosos e às vezes é tido por um bandido, mas como ele mesmo afirma, só peleia e mata em caso de necessidade extrema. Existem várias edições, em várias línguas, mas uma edição bilíngüe é uma boa pedida, pois a escrita original em espanhol traz o charme do espanhol de uma maneira que não costumamos conhecer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Show de dicas, Marcos. O meu lado bagual agradece!!