21 de jun. de 2007

A era da colaboração

Esse início de ano (está registrado na primeira página de minha agenda), tive uma surpresa assistindo a TV, daquelas que se espera pra dar uma sacudida nas coisas. Assistindo um programa num desses canais educativos da TV aberta, estavam entrevistando dois entendidos de cooperativismo. Um deles era Édio Spier, um experiente senhor de Nova Petrópolis, RS, presidente há 32 anos (!) de uma cooperativa bancária (Sicredi). Ele conseguiu, com uma inteligente observação, trazer uma interessante luz sobre uma questão que há um bom tempo me atazana.
O comentário do homem foi mais ou menos isso:
“Esse sistema econômico que está aí – o capitalismo neo-liberal – tem os dias contados, não durará muitos anos. Será substituído pelo cooperativismo (...) num banco normal hoje, você deixa uma quantia de dinheiro investida e o banco te dá um rendimento de menos de 1% ao mês, mas, se você for pedir emprestado, ele te cobra um juro de mais de 8% ao mês. É muito mal distribuído. No cooperativismo, todos são sócios, e dividem as sobras igualmente entre si.”
Sabe que ele pode ter razão? A história tem ciclos de altos e baixos, e outros modelos despóticos de governo já tiveram sua ascensão e queda, e não será diferente com esse atual. Hoje, 1% da população abocanha mais de 50% do que todos produzem.
Conheço alguns vendedores que lidam com marketing de rede e que afirmam que 76% das mercadorias nos EUA são comercializadas via redes de relacionamentos. Acho meio exagerado, mas eles usam esse argumento como forma de dizer que é uma modalidade de negócios que tende a crescer. Uma recente edição da Veja disse que 1.300.000 jovens bem preparados desembocam no mercado de trabalho todos os anos. Empreendedorismo hoje é apontado como saída para o desemprego. Por falar em emprego, alguns dizem que o emprego acabou, ou, que hoje é preciso mais do que arranjar um emprego numa grande companhia, se escorar e se aposentar ali. É preciso ser proativo, um empreendedor mesmo, para manter-se numa boa posição em um mercado em constante transformação. Profissionais liberais hoje dependem mais do que nunca de uma boa rede de contatos para tocarem seus negócios adiante. A idéia do colaborativismo (acho o termo mais abrangente do que cooperativismo) está muito latente aqui, na internet: a web 2.0 está educando a nova geração num novo paradigma de sociedade, onde o outro não é visto como um simples concorrente.
Tome o rumo que tomar, achei muito interessante essa visão. Me parece ser uma maneira mais amena de alcançar uma distribuição de renda justa, que poderia vir a funcionar onde o comunismo falhou. Tendências são só tendências, mas são possibilidades que devemos dar atenção, pois de “simples” tendências como essa, pode vir um dia depender mesmo nossa sobrevivência no mercado, e na pior das hipóteses, um belo aprendizado. Prefiro a esperança do que lamentar os sinais dos tempos. Uma idéia dessas me deixou uma interessante pulga atrás da orelha. Cooperativismo? Puxa!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bem! ótimo texto!