29 de jun. de 2007

Desculpa hein...Sr. Presidente

Ontem à noite, estava eu assistindo o noticiário televisivo da última hora quando o bloco dedicado à política veio à tela. A matéria em questão era sobre um evento no Palácio do Planalto - do qual pouco se falou, tamanha sua irrelevância. O que interessou, e o que gerou este artigo, foi a performance teatral digna de Oscar, Palma de Ouro, Kikito (pra não me chamarem de vendido), etc..., do nosso amado Presidente.
Como de praxe, quando se manifesta em público, Lula nunca perde a oportunidade de mandar recados ao País, à Imprensa, à Oposição, ou seja lá quem for, dependendo do que estiver "pegando" no momento. Ontem, acompanhado do "ilustre" presidente do Senado, Sr. Renan Calheiros e outras tantas autoridades da República, nosso Presidente, mais uma vez, com toda a gravidade do mundo, sério, compenetrado, zangado até, passou a sua clássica descompostura nos meios jornalísticos que, segundo ele, estão condenando antes de haver julgamento (referindo-se ao "amigo" Renan).
Confesso que depois de vê-lo falar, estremeci. Foram apenas alguns décimos de segundos de dúvida, de incerteza, de auto-questionamentos revisivos, mas, duvidei - da minha própria capacidade de avaliação.
Felizmente, minhas conexões cerebrais se reorganizaram e a razão voltou - invocada, querendo reparo.
A partir daí, alguns questionamentos brotaram, da maneira mais natural: Será que ele acha que nós somos tão estúpidos? Será que ele acredita mesmo que esse discurso pra enganar analfabetos convence alguém? Eu acho que sim. Ele acredita que somos estúpidos e que as palavras "mágicas" saídas da sua boca têm o poder de creditar ou desacreditar quem quer que seja.
Não importa que o investigado da vez seja seu irmão, seu amigo, seu colega de partido, seu apoiador político - não importa que a Polícia Federal, que em última instância é chefiada por ele próprio, produza mais e mais casos contra os "seus amigos", levantando provas, confiscando documentos, gravando conversas comprometedoras - não importa que uma simples comparação das declarações de IR dessas pessoas com levantamentos jornalísticos das suas verdadeiras posses as desmintam - enfim, não importa que os fatos, nus e crus, indiquem que sim, essas pessoas estão comprometidas pelos seus atos. Nosso Presidente continua firme, impassível na defesa deles - seus amigos. Quando o Procurador Geral da República acatou o processo do Mensalão e reafirmou a presença alí de uma quadrilha de quarenta pessoas envolvidas com corrupção, parecia que finalmente nós, contribuintes, veríamos um bando de graúdos pagarem por seus atos criminosos. No entanto, o processo se arrasta e nem sinal de qualquer tipo de condenação. Quantos mais escândalos apareceram depois do Mensalão? E a pergunta é: Quantos corruptos foram efetivamente levados a julgamento? Preciso responder?
Bem, talvez o que o Presidente espera da gente e das pessoas que ainda se importam, é que todos nós passemos a viver no mesmo mundo da fantasia criado em seus discursos, e que deixemos pra lá toda essa conversa de corrupção, negociatas, falta de decoro parlamentar, venda de votos, superfaturamento, etc, etc, etc...
Dada a sua incrível popularidade, talvez ele até se ache no direito de criar realidades, deixando para as pessoas que ainda se importam com alguma decência, o papel de "sabotadores da Nação".
Desculpa hein...Sr. Presidente.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei do texto, pena que parece que o deabafo ainda é a única arma que nos restou... pedir desculpas? Só mesmo nossa orientação de acatar as autoridades! Me veio aquela música dos Paralamas (Luís Inácio 300 Picaretas)com um novo significado: na época, não me soou como um protesto muito contundente (até porque meu referencial era o Rage Against the Machine) mas hoje me parece que o Herbert Vianna profetizou, como se a canção fosse pra se ouvir hoje, como lembrança de um tempo em que o Lula pensava como nós: Luís Inácio falou... mas esqueceu.

Anônimo disse...

...a que ponto chegamos , but ainda bem que o tempo passa !

Abraço

Pedro